Facção Central
Pavilhão dos Esquecidos
[Verso 1: Eduardo]
A faxina ficou da hora
Tá tudo limpo pra visita daqui umas horas
Tanto faz se vem cigarro sem novidade
O que cada preso quer é matar sua saudade
Sentir a liberdade por uns minutos
Sonhar com um mundo depois dos muros
Esquecer o dia da audiência
O fórum a hora da sentença
Juiz implacável advogado desinteressado
Porta de cadeia alimentada prostituta do estado
Estilo piranha sem dinheiro sem resultado
Tem maluco aqui que cumpre pena tipo diretoria
He, status na farinha
Dinheiro compra tudo na cadeia na favela
Mais não tira o esquecimento da cela
A solidão no domingo de visita
Olha eu de canto sonhado com uma família
Sem sorriso do domingo é velório
Olho pros muros explode o meu ódio
E ai que sai treta eu me transformo em capeta
Na falta de carinho violência é receita
Eu to sem jumbo parente sem ninguém
Sou candidato a faca que mata o refém
Sou eu que jogo, o 213 do telhado
Eu jogo pedra em cima jogo telha no safado
Feliz aniversário foi no mês passado
O bolo era um defunto e os parabéns foi pro diabo
Ai ladrão feliz domingo
Infelizmente só colou tristeza, mas ta limpo
Eu vou tentar continuar sobrevivendo
Solitário esquecido no pavilhão do esquecimento
[Refrão: Eduardo e Erick 12]
Sou mais um detento
Cumprindo pena no pavilhão do esquecimento
Abandonado solitário, outro presidiário
[Verso 2: Eduardo]
Outro domingo na detenção
Sem futebol sem criança sem parque de diversão
Na nossa televisão o filme é impróprio
O sangue na faca é o cartaz do ódio
Ainda me lembro da quebrada
Tiger moto kawazaki mil cilindradas
Só de agasalho piranha do lado
S10 velocímetro zerado
Qualquer armamento era comigo
Banco carro forte parceiro preferido
Tinha mãe irmãos vários manos
E uma vadia no carango dizendo te amo
Mas num estalo de dedos um passe de mágica
Pulso algemado consequência drástica
Fim de carango fim de artigo
Hoje tenho uma cela com vinte no presídio
Olho pra cruz na parede e peço proteção
Que deus de vida pra eu manda uns quatro pro caixão
Me sinto tipo uma doença um cachorro sarnento
Mais podre do que bosta no papel higiênico
O sistema carcerário não tem dó
O coração é de pedra foda-se seu b.o
Seu carango seu fuzil não valem aqui
Aqui é só outro numero tentando fugir
Tiazinha visita o seu filho
Ai fulana vai ver o seu marido
O monstro na notícia da televisão
Que te mata sem dó descarrega um oitão
É o mesmo que domingo chora só no pavilhão
Que tenta o suicídio pra fugir da solidão
Ai ladrão feliz domingo
Infelizmente só colou tristeza no pavilhão dos esquecidos
Sou mais um detento
[Refrão: Eduardo e Erick 12]
Sou mais um detento
Cumprindo pena no pavilhão do esquecimento
Abandonado solitário, outro presidiário