Victor Xamã
Essa Noite Vou me Embriagar com Verdades
[Verso 1: Xamã]
Seus desejos são tão sóbrios, frios
Nessa noite vou me embriagar com verdades
Sinto a maresia invadir a janela dos meus olhos negros
Duas telas onde velas navegam na margem de Creta
Jogo minha fé nessas cordas de nylon
Onde os acordes bailam ao ressuscitar do eu poético
No deserto de valores sem crédito, sorrisos sintéticos
A falta de sentimentos na fachada dos prédios
Me concentro nas memórias, vou...
Sobre a luz do poste destacada nessa chuva fina
O meu chão inclina, essa dor é inquilina
Se apagam as lamparinas e fecham-se as cortinas
Almas entram em pânico, distorcida realidade
Britam a felicidade, injetam no seu crânio
Esquadros, escalímetros, compassos
Esmagam o projeto na A4, monotonia, braço de titânio
[Ponte: Xamã]
Em passos largos, na calçada eu me questiono
O tempo voa
[Verso 2: Makalister]
A cada oito horas: Amoxilina
Um amor que sumira
No próximo versículo um Paradoxo de Epícuro
A união das sílabas, separação dos discípulos
Uma garrafa em cima da mesa, gira
Cada polo, um destino
Consequência ou verdade
O calor queima os detalhes, a dor desenha os desastres
No Labirinto do Fauno
A terapia da palma da mão e os malefícios do óculos
Nas travessias das águas dos olhos onde os álamos brotam
Me jogo às ruas na postura de Cristo
Transformando água em vinho, bebendo com as putas e os filhos
Tu existe em mim. Amorfa e tíbia, grossa e cínica
De boca suja, mas de cara limpa
Ensebada de Nívea
24 anos e essa cara de ninfa
A doçura cítrica da tua vulva. Híbrida!
Nos pelos dessa buceta, meu universo negro
Minhas bolas na área como se tivesse o Crespo
É o frio de córdoba
O covil das córneas
O teu mundo caindo igual o Brasil na copa