[Verso 1]
Onde queres revólver, sou coqueiro
Onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
Onde sou só desejo, queres não
Onde não queres nada, nada falta
Onde voas bem alta, eu sou o chão
Onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
[Verso 2]
Onde queres família, sou maluco
Onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
Onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
Onde vês, eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo, eu sou o irmão
Onde queres cowboy, eu sou chinês
[Refrão]
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
[Verso 3]
Onde queres o ato, eu sou o espírito
Onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
Onde buscas o anjo, soy mujer
Onde queres prazer, sou o que dói
Onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
Onde queres bandido, eu sou o herói
(melismas)
[Verso 4]
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero e não queres como sou
Não te quero e não queres como és
[Refrão]
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
[Verso 5]
Onde queres comício, flipper-vídeo
Onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
Onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
Onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
Onde queres coqueiro, eu sou obus
[Instrumental break]
[Verso 6]
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
Eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim